"Arrias
leu tudo, viu tudo (...); é um homem universal, e ele se tem por tal
(...). Fala-se, à mesa de um nobre, de uma corte do Norte: ele toma a
palavra, e tira-a dos que iam dizer o que sabem a respeito; orienta-se nessa
região longínqua como se fosse originário dela(...). Alguém se arrisca
a contradizê-lo, e prova-lhe claramente que ele diz coisas que não são
verdadeiras. Arrias não se perturba, pelo contrário, inflama-se contra
quem o interrompeu: '(...) Recebi essa informação de Sethon, embaixador
da França nessa corte (...).' Ele retoma o fio de sua narração
com mais confiança do que havia começado, quando um dos convidados lhe
diz: 'É a Sethon que você fala, ele próprio, e que retorna de sua
embaixada.'"
Texto
de Jean de La Bruyère (1645-1696), ensaísta e moralista francês.
Extraído do livro A Arte de
Pensar, de Pascal Ide, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2000, 2ª edição, p.
29,
|